Francisco Louçã: "Angolanos ligados ao regime dominam parte importante da comunicação social"

Francisco Louçã
Foto: Jornal de Negócios

O ex-dirigente do Bloco de esquerda, Francisco Louçã, disse na passada sexta-feira que os empresários angolanos ligados ao regime de José Eduardo dos Santos dominam "parte importante" da comunicação social portuguesa e sublinhou que o negócio recente da Controlinveste tem contornos surpreendentes.

De acordo com a RTP, o economista, que falava num encontro sobre "A Austeridade Cura? A Austeridade Mata?", referiu que "os interesses dos empresários angolanos directamente ligados ao regime de José Eduardo dos Santos dominam hoje uma parte importante da imprensa escrita, da rádio e até já concorreram à privatização da RTP", dando exemplos como os casos de Álvaro Sobrinho (acionista da Newshold que detém o semanário Sol) e de António Mosquito (acionista do grupo Controlinveste Media). António Mosquito finalizou a semana passada um acordo com a Controlinveste, através do qual passará a controlar 27,5% do grupo de 'media' de Joaquim Oliveira.

Louçã disse que se tratou de um negócio "surpreendente" porque se trata de um empresário "que pediu 300 milhões de euros emprestados, que é perdoado parcialmente na sua dívida e que a reestrutura numa conciliação de interesses com António Mosquito".

Para o antigo líder do Bloco de Esquerda, tem de se salvaguardar "a distância entre a propriedade da comunicação social e a liberdade de imprensa". Francisco Louçã sublinhou ainda que "a liberdade de comunicação tem de ser garantida contra a tentação de qualquer regime de submeter estes orgãos [de comunicação social] à propaganda ou às suas próprias visões restritivas da liberdade de imprensa".

Alícia Maravilha e Mariana Martinho