sexta-feira, 25 de abril de 2008

Ecos de Michael Schudson na FLAD

Quinze alunos da turma diurna do 1º ano de Comunicação e Jornalismo da Lusófona tiveram o privilégio de se deslocar à FLAD e ouvir Michael Schudson na sua primeira conferência em Portugal. Aqui ficam alguns excertos das notícias que mais tarde redigiram em aula e a certeza que os ecos do sociólogo norte-americano lhe serão úteis ao longo do resto da licenciatura.


“Até o céu se abriu para me receber”, foi com este primeiro comentário acerca da sua visita a Portugal que Michael Schudson iniciou a conferência e marcou o tom de proximidade com o auditório. Durante cerca de cento e vinte minutos, o sociólogo falou de Democracia citando como exemplo a evolução do sistema eleitoral norte-americano e a forma como os cidadãos passaram a dar-lhe uma nova importância. Afirmou que “o futuro do jornalismo é uma incógnita, uma vez que está em constante renovação”
Irina Freitas

O professor americano afirmou que o jornalismo, como forma de comunicação, deve manter uma empatia social com os seus receptores tendo como função mobilizar a opinião geral. Deste modo, concluiu que, com a complexidade das democracias modernas, o leitor deve manter-se bem informado, sendo que a opinião é “um pré-requisito” e os jornalistas não devem apenas preocupar-se em cumprir prazos e dar notícias.
Ana Filipa Cordeiro

Preocupado com a baixa participação dos cidadãos nas eleições, Michael Schudson referiu que "a política pode ser vista como entretenimento, como uma novela que mantenha as pessoas interessadas". O sociólogo sublinhou a capacidade de os "media tornarem a política numa fonte de entretenimento" e defendeu que “a política funciona como no ensino, é preciso estimular a sua participação” e os media podem desempenhar aí um papel essencial.
Hugo Maduro, Joana Gonçalves e Silvana Veiga

“Devem os média envolver os cidadãos na vida social?” questionou-se Michael Schudson. A propósito do papel dos média durante os processos eleitorais, Schudson defendeu que as pessoas devem votar conscientes do que estão a fazer. Os meios de comunicação social têm um papel fundamental, uma vez que as notícias se constituem como veículos importantes para a democracia. Os média, “iceberg dos comportamentos sociais e uma grande parte da cultura" devem informar de forma leal e objectiva.
Edi Hernandez, Jean Paul Lopes e Joana Facas

Schudson elogiou a missão das notícias, que devem ter como função "educar a população sobre o funcionamento da democracia moderna". Apesar de reconhecer que um dos problemas do jornalismo moderno é a “publicação sem informação suficiente para fazê-lo”, sublinhou o papel da investigação jornalística, que cria uma “imprensa vigilante”. Infelizmente, “a análise como função democrática é muito cara e há poucas organizações interessadas em investir", concluiu.
Joana Gonçalves e Silvana Veiga

Edição: Carla Rodrigues Cardoso
Géneros Jornalísticos
1º Ano – Turma D1 – Licenciatura em Comunicação e Jornalismo

terça-feira, 15 de abril de 2008

Lusófona debate informação na imprensa


“Imprensa Popular e Imprensa de Referência" é o tema que Daniel Ricardo, editor executivo da Visão, e Pedro Tadeu, director do 24Horas, debatem dia 21 de Abril, segunda-feira, no Auditório Alexandre Pessoa Vaz da Universidade Lusófona, a partir das 18.00.

A quarta conferência do ciclo “Comunicação e Jornalismo no séc. XXI”, organizado pela Licenciatura em Comunicação e Jornalismo da ULHT, propõe-se analisar uma fonteira informativa de contornos, a cada dia que passa, mais problemáticos.

Pelo Campo Grande, em Lisboa, já passaram ao longo das três conferências anteriores: Ricardo Costa, director-geral adjunto da SIC, João Palmeiro, presidente da Associação Portuguesa de Imprensa e Francisco Seixas da Costa, embaixador de Portugal no Brasil.

domingo, 13 de abril de 2008

Media influenciam processo legislativo

“Até que ponto os Media influenciam o processo legislativo?” foi a questão que conduziu a investigação de Sara Pina ao longo da sua dissertação de mestrado, defendida sexta-feira, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Procurando analisar a acção dos media como fontes informais de Direito Penal e Direito de Processo Penal, Sara Pina afirmou que “os media são uma forma essencial na auscultação que os políticos fazem das inquietações públicas” e existe, de facto, "uma influência dos media na produção legislativa".
Cruzando análise de imprensa aos jornais Público e Correio da Manhã, com entrevistas a figuras públicas da Justiça em Portugal, Sara Pina escolheu como case study o caso Casa Pia e as suas implicações na reforma penal de 2007.
Sobre o mediático processo de pedofilia ainda em curso, Sara Pina concluiu que as alterações legais foram de pendor garantístico, em defesa dos direitos dos arguidos, ao contrário de outros casos internacionais semelhantes, com consequências securitárias ou punitivas, que beneficiaram as vítimas. A investigadora deu como exemplo o tempo de interrogatório dos arguidos, que até à reforma de 2007 se podia prolongar durante várias horas e agora tem um período máximo de quatro horas.
O júri, presidido por Hermenegildo Borges e composto por João Pissarra Esteves (orientador) e Pierre Guibentif (arguente), sublinhou o carácter interdisciplinar da abordagem e atribuiu nota máxima ao trabalho conduzido pela docente de Jornalismo da Universidade Lusófona.

Notícia redigida por:
Edi Hernandez
Hugo Maduro
Jorge Almeida
Rui Joaquim

Edição: Carla Rodrigues Cardoso
Géneros Jornalísticos
1º Ano – Turma D1 – Licenciatura em Comunicação e Jornalismo

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Michael Schudson na FLAD dia 14 de Abril





Michael Schudson debate "A Cidadania e os Media" dia 14 de Abril, pelas 17.30, na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. O longo subtítulo em inglês da palestra ("How Americans Became Citizens and How the News Media Serve and Underserve Them") deixa adivinhar a riqueza da proposta para esta tarde de segunda-feira. A entrada é livre, mas aconselha-se a marcação prévia de um lugar através do e-mail fladport@flad.pt.

O teórico norte-americano, figura de referência na área da sociologia dos media, é professor na Universidade da Califórnia desde 1980 e será apresentado por Mário Mesquita. A conferência de Michael Schudson é moderada por Isabel Gil, da Universidade Católica, e terá comentários de André Freire (ISCTE) e Maria João Silveirinha (Universidade de Coimbra).

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Um dos problemas da especialização

É um caso que vale a pena guardar para estudar um dos problemas que o jornalismo especializado tem. Hoje na página de abertura da secção de Economia do Público de hoje (sem link disponível):

"Auditoria à luta contra nemátodo
do pinheiro confirma derrapagens"

quarta-feira, 2 de abril de 2008

O caso Sonae e o dever de informar

A Sonae SGPS resolveu este ano inovar na apresentação das suas contas de 2007. Os factos são estes:


  1. Fez um evento designado "Sonae Circle" no qual apenas se poderia entrar por convite. Para o acontecimento foram convidados analistas, gestores, fornecedores e accionistas.
  2. Os jornalistas só poderiam entrar se tivessem convite. Foram convidados apenas jornalistas com cargos de direcção ou edição que podiam fazer perguntas. A regra geral nas empresas, cotadas em bolsa ou não, é informarem a data e hora da conferência de imprensa de apresentação de resultados cabendo à edição do jornal designar o jornalista que lá vai, em regra o que acompanha o tema.
  3. Toda a informação sobre as contas do grupo Sonae foram disponibilizadas no site "Sonae Circle" assim como, obviamente e como a lei exige, no site da Comissão de Mercados de Valores Mobiliários.
  4. Os quatro gestores do grupo concederam uma entrevista a um dos subdirectores do Diário Económico colocada em vídeo no "Sonae Circle". Podia-se ver como uma das identificações: "Entrevista 'powered' por Diário Económico". No dia seguinte a entrevista foi publicada no Diário Económico.

Descrevo estes acontecimentos fundamentalmente porque gostaria de debater o que se passou. Faço desde já uma declaração de interesses: além de leccionar na Lusófona assumo neste momento funções de subdirectora no Jornal de Negócios.

Desde já faço os seguintes comentários ao caso na perspectiva do jornalista:

  1. Os leitores em geral e os accionistas, fornecedores, clientes e trabalhadores do grupo Sonae ficaram a perder porque não estiveram presentes na reunião - não se pode designar como conferência de imprensa - os jornalistas que seguem o grupo. A Sonae não foi, em princípio, confrontada com perguntas que poderiam ser incómodas. (Não me pronuncio na perspectiva da comunicação nem da lei que regula o mercado de capitais, nomeadamente no que diz respeito a exigências de informação)
  2. O que deve fazer um jornalista, editor ou director numa situação destas? Um exercício possível é pensar no jornalismo em geral e não no jornalismo especializado. Na pureza dos princípios não devem ser os protagonistas das notícias a escolher o jornalista mas sim o meio de comunicação. Mas assim sendo, não deveria ir ninguém ao evento? Pois não sei. Uma decisão drástica como essa ainda prejudicava mais os leitores.

E fico por aqui.

Espero que este tema seja suficientemente convidativo para o debatermos.

Voos sobre a literatura portuguesa e norte-americana

Até Julho, a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento promove a iniciativa "Asas sobre a América", coordenada por Filipa Melo. O objectivo é criar espaços de debate e reflexão sobre a literatura, os autores e as questões que cruzam oceanos e ultrapassam as fronteiras literárias portuguesas e norte-americanas. Os estudantes que assistem a cada uma das sessões têm ainda a oportunidade de participar num concurso que elege o melhor relato de cada conferência e atribui um prémio em livros. A entrada em todas as sessões é gratuita.