sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O Tempo e o Modo, Para Um Retrato da Pobreza em Portugal

De 16 de Janeiro a 27 de Fevereiro, o Pavilhão 31 do Hospital Júlio de Matos recebe o projeto O TEMPO E O MODO, PARA UM RETRATO DA POBREZA EM PORTUGAL elaborado por Paulo Mendes e Emília Tavares. 

O TEMPO E O MODO é uma proposta de investigação e de criação, através de documentação escrita, impressa, fotográfica e de uma série de novos trabalhos artísticos, sobre a Pobreza em Portugal, sendo o resultado de toda esta pesquisa documental e visual apresentada numa exposição e registada num livro. 

Este projeto tem como principal objetivo contribuir para uma reflexão e visão histórica das formas de pobreza, desde o século XX até à atualidade. Assume um papel de reflexão e intervenção da cultura na realidade social e política do país, como um pensamento afirmativo, elaborado entre a palavra e a imagem. 

O TEMPO E O MODO quer ser um lugar de discussão e polémica num país de consensos, onde uma sociedade acrítica sobrevive no meio da indiferença. Um lugar onde a palavra e a imagem confluem, nos cartazes, nas revistas, nos vídeos, nas fotografias, nas instalações, nos jornais ou nos livros, para relembrar a circularidade da história, os erros que se repetem sem solução, num país que parece não ter a capacidade de criar uma estratégia para o seu futuro, e em que as elites dominantes, aproveitaram a crise económica mundial, para internamente restringir direitos adquiridos. 

 A montagem da exposição obedece à utilização de materiais precários e de construção civil, materiais produzidos na indústria pós-fordista (organização e trabalho de produção), elementos “estandardizados”, usados para construção de qualidade mas também para os abrigos incertos. 

Materiais como o cubo branco da galeria – instalar uma exposição como um estaleiro de obra, precário, em construção. Um espaço de discussão e confronto, entre o interior e o exterior - a rua é o local da potência coletiva, o espaço público onde se manifesta, na sua espontaneidade e liberdade, onde se faz ouvir, onde reivindica, mas é também o espaço habitado dos excluídos. 

Este retrato da pobreza em Portugal não acontece numa instituição cultural, mas num hospital psiquiátrico e as doenças mentais, foram e continuam a ser frequentemente relacionadas com a exclusão e a pobreza. Uma irónica metáfora sobre um país doente, e agonizante. 

Links: Guiadolazer ; Público

Vânia Valente

"Pode Avançar!"



O destino da ironia, 
por Afonso Araújo





Quando achamos que não há seres no mundo mais “especiais”, leia-se odiáveis, que os funcionários da EMEL, chega o dia da inspecção do carro. E acreditem, tudo muda.

Hoje, durante a hora e meia que estive à espera para me verem o carro, aliás, o veículo, antes que algum deles ouça, apreciei ao pormenor todos os movimentos, a meu ver claramente trabalhados e delineados, dos inspectores. Desculpem, dos senhores inspectores. É isso.

Comecemos pelo andar. A ginga daqueles seres, todo um caminhar entre o veículo inspeccionado e as máquinas que, dizem eles, não falham, enquanto apontam qualquer coisa, seja ela qual for, no seu mini-tablet avançado. E nós? Caladinhos. E nós? À rasca. E nós? A rezar para que ele não veja aquela treta que só nós sabemos que não está a funcionar muito bem, mas que temos uma confiança cega (onde é que eu já ouvi isto?) que ele não vai topar.

Adiante, o ar emproado, galifão, como se a decisão dependesse deles e não das máquinas. Talvez dependa, mas não quis pensar muito nisso.

Atentem a pose: pescoço bem esticado, cabeça erguida, como quem diz: "Espera lá, deixa-me ver quem é este caramelo. Bom, hoje estou bem-disposto, é sexta-feira, talvez te safes." Mas, enquanto isso, vamos lá ligar as luzes. Bem, nesta altura, falo por mim, parece que me esqueço de tudo: pediu-me para ligar o pisca da esquerda e eu liguei o da direita, pediu-me para ligar o limpa-vidros da frente e eu consegui accionar o esguicho do limpa vidros traseiro e molhá-lo ligeiramente. Tudo bem, ele riu-se. Acho que foi a única vez. Aliás, tenho a certeza. A meio da inspecção, começo a pensar por que não me fizeram rapariga: era tão mais fácil. Uma mini-saia, um batom mais arrojado, um saltinho alto, e o carro apitava de alívio por passar no primeiro segundo. Mas não, nasci rapaz. E ainda por cima, estúpido, fui de calções de banho. Mesmo a pedir que ele me olhasse de lado e pensasse: "Espera lá, eu aqui a trabalhar que nem um camelo e este miúdo vem da praia? Está bem, está. Vamos lá ver se encontramos aqui alguns problemas. Desculpem, irregularidades.

Volante para ali, acelerador para acolá, chegamos ao fim do passeio sob um pavilhão onde não se ouve música. Apenas acelerações, buzinas, máquinas a apitar, entre outros ruídos giros. No fundo, uma junção de sons equivalentes ao produto final de uma música da Ana Malhoa, mas não tão mau. E eu penso: De facto, como é que eles podem ser pessoas mais simpáticas se passam ali grande parte da vida?

“Pode avançar!”, diz-me a placa luminosa. Mas como demorei mais de dois segundos a fazê-lo, tinha o senhor inspector, por debaixo do meu carro, a gritar para que o fizesse. E sem um simples e educado “por favor”. Aí não hesitei.

Entro na sala onde entregam a ficha da inspecção. Do outro lado do vidro, o inspector. Xiça, Senhor inspector. Olha para nós, a primeira e única vez, nos olhos. Nesses segundos, aquele ser sente a força que tem nas mãos, o poder de poder destruir o dia de alguém, nalguns casos acompanhado de um mascar de pastilha quase tão irritante como o do Jesus. Sim, não é o carpinteiro, é o outro. O tempo não passa. E isso dá-lhe gozo. Nós, por esta altura, não respiramos. Ao entregar a folha, antes de a mostrar, faz uma pausa de cinco segundos, equivalente a cinco horas, como se fosse dizer o vencedor do óscar para uma categoria importante.

No pico do desespero: Lá diz o resultado e entrega, no meu caso, desta vez, a folha verde.

Nesse momento, sorri e apeteceu-me insultá-lo. Mas mantive a calma e vim festejar com o meu carro que, por esta altura, acelerava de alegria.

Esta parte é mentira, para os mais inocentes.

Saí de lá contente, mas lembrei-me que tenho que lá voltar daqui a um ano.

Não faz mal. Enquanto isso Portugal já saiu da crise, a Fafá de Belém já emagreceu, o Michael Jackson já lançou o novo disco e o Sócrates já acabou o curso.

Afonso Araújo

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Escritor italiano lança livro sobre mau jornalismo


Umberto Eco
O escritor e ensaísta italiano Umberto Eco lançou o seu novo romance Número Zero, em Itália. Este romance é uma espécie de manual do "mau jornalismo" numa redação de um jornal imaginário, nos anos 90.

O novo livro se concentra nos mistérios não resolvidos dessa época em Itália. É a primeira obra do autor que fala de uma época mais recente.

Umberto Eco descreve a redação imaginária de um jornal, que foi criada para desinformar e difamar os adversários. O objetivo do autor é de contar uma historia sobre os limites da comunicação.

Ao longo do livro o escritor italiano cita frases famosas ou comuns do jornalismo. Conta factos a partir de teorias que são ainda desconhecidas daquela época dos anos 90.

Este é o sétimo romance do escritor e ensaísta italiano, Umberto Eco, que publicou "O Cemitério de Praga" e "O Pêndulo de Foucault", entre outros.

Sara Barca

Fontes: Carta Capital; Divirta-se

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Liberdade!


A Religião está para os radicais como a Liberdade de expressão está para as pessoas Livres. Cada um no seu espaço mas fluindo e interagindo no mesmo mundo.

Tanto a religião como a liberdade de expressão são conceitos imaculadas, mas somos nós que fazemos delas o reflexo dos nossos próprios defeitos.

Tanto a religião como a liberdade têm barreiras que tendem ser transpostas; há falácias que se transformam em verdades, há verdades que tendem ser desmentidas, impera um descontrolo desmedido que ameaça ser eterno!

Cada um de nós procura eternizar aquilo em que acredita. Procuramos ser exemplo das nossas convicções, procuramos encontrar hábeis desculpas quando exageramos nas nossas posições.

Na nossa mente, por vezes, somos extremistas, Reis e senhores do nosso próprio umbigo. Deuses e Deusas das nossas próprias verdades, juízes de lei própria, a foice justa que promete acabar com todo o mal que há no mundo.

Mas logo despertamos para a realidade e vemos que somos “quase nada”, seres providos de sonhos, caprichos, amores e desamores. Vemos que somos mortais, à mercê da natureza e reféns do relógio biológico que nos levara um dia ao vale do silêncio.

Enquanto estamos vivos devemos apreciar a dádiva que nos assomou. Devemos ser livres, livres à nossa maneira, não há maneira dos outros, livres como aves, ou como os nossos pensamentos, livres como reticência que anunciam um ponto infinito, mas sem nunca violar a esfera do nosso semelhante.

Ser livre é saber onde acabam as fronteiras da nossa liberdade para dar passagem ao próximo com igual direito de expressar a sua liberdade.

A Religião é uma crença pessoal! A Liberdade de Expressão é um direito de todos!

A Religião advoga tolerância, a Liberdade advoga o livre arbítrio; A Religião é amor, a Liberdade é poder escolher o amor que se quer.

Quando a Religião serve de motivo para ceifar vidas então isso não é Religião, é outra coisa: é fanatismo, intolerância, é descrença no Deus em que se acredita, é disseminar o ódio, é ser outra coisa… é ser cego como uma doença contagiosa que mata quem encontra à sua frente porque tem medo de viver a Liberdade que a todos nos assiste!

José Castro

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Lançamento hoje de livro de Mário Mesquita

O professor Mário Mesquita lança HOJE às 18.30, na Fnac do Chiado, o livro Mário Soares na Construção da Democracia – Seis Entrevistas Históricas (1972-1993) e um Epílogo (2014). A entrada é livre.

Saiba mais aqui.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

SOMOS TODOS CHARLIE


A revista satírica não morreu. A liberdade de expressão não chegou ao fim. Muito pelo contrário: Está mais forte do que nunca. E estas imagens são a prova disso.

República Dominicana
França
México





França

Foi assim que o mundo reagiu ao massacre em Paris. As pessoas sairam à rua sem medo e com determinação.
Os inúmeros cartazes negros gritavam silenciosmente: JE SUIS CHARLIE.

Fontes: Público, Revista Time

Afonso Araújo


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Twitter quer saber que apps temos nos telemóveis


O Twitter vai começar a registar quais as aplicações que os seus utilizadores têm nos telemóveis e tablets. Através do que a rede social chama "app graph do utilizador", o Twitter pretende apresentar “conteúdo sob medida” que possa ter interesse para quem tem conta no Twitter.

http://a.abcnews.com/images/Technology/GTY_twitter_kab_141119_16x9_992.jpg

Já a pensar no possível receio dos utilizadores nesta nova política, o Twitter explica que a informação recolhida será apenas das aplicações usadas por cada utilizador, e nunca o conteúdo privado das mesmas.

A estratégia da empresa passa por conseguir melhorar as sugestões de quem o utilizador pode seguir, mas também melhorar a partilha de interesses, adicionar tweets, contas, ou outros conteúdos à cronologia. A estratégia da empresa passa por conseguir melhorar as sugestões de quem o utilizador pode seguir, mas também melhorar a partilha de interesses, adicionar tweets, contas, ou outros conteúdos à cronologia. O Twitter quer ainda reforçar o seu negócio na área da publicidade, restringindo-a e direccionando-a conforme os gostos do utilizador.

Ainda não há qualquer previsão para o início desta nova estratégia, mas o Twitter explica que vai avisar quando o mecanismo começar a funcionar, enviando uma notificação. Para quem que não quer permitir e recusar que a rede social conheça quais as apps que descarregou, pode fazê-lo nos sistemas iOS e Android através da função Definições.

A empresa anunciou ainda a intenção de deixar que os utilizadores usem o endereço de email e uma palavra-passe para acederem à rede social, e sugeriu o uso de códigos privados que serão enviados para o número de telemóvel registado na conta.

Fontes: Exame Informática, Público

Afonso Araújo