''Nunca como agora o consumo de informação foi tão grande e nunca as empresas que produzem essa informação estiveram tão mal em termos financeiros'', afirmou Paulo Ferreira. Este é o paradoxo que os média enfrentam. Para o jornalista e gestor da TrueStories, a crise económica é fruto de “um erro crasso: oferecer aquilo que tem valor”, ou seja, a informação produzida por jornalistas.
O advento do digital foi mal compreendido pelos média quando decidiram disponibilizar conteúdos a custo zero. De acordo com Paulo Ferreira, esta aposta traduziu-se em três problemas. O que passa a ser oferecido “é percecionado como não tendo grande valor”, “não gera receitas” e “é muito difícil que volte a ser pago”. Uma análise que fez parte do painel “Jornalismo: novos modelos de negócio”, que encerrou ontem a
5ª Semana de Comunicação, Artes e Tecnologias, organizada pelo Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Lusófona.
O único segredo para ser bom jornalista
Moderada por Helena Garrido, a conferência contou ainda com a intervenção de David Dinis, director do
Público, Rute Sousa Vasco, jornalista e gestora da Madre Media e Samuel Alemão, jornalista de
O Corvo. Todos estiveram de acordo com a necessidade de continuar a apostar no digital – não é possível inverter um caminho que se tornou o único conhecido para grande parte dos consumidores, especialmente os mais jovens.
Encontrar uma forma do jornalismo digital ter retorno financeiro, “é a pergunta para um milhão de dólares”, referiu David Dinis. O diretor do
Público considera que os média têm de se voltar para a informação útil, que interessa a quem a consome. E deixou um conselho aos estudantes de jornalismo: “sejam melhores, leiam muito, aprendam todos os dias e divirtam-se com aquilo que estão a aprender. Esse é o único segredo para ser um bom jornalista”. Quanto a novos modelos de negócio, todos concordam que o futuro é experimentar e ir ultrapassando obstáculos, sem receio de falhar, pois ainda não se encontrou o caminho certo.
Texto: Raquel De Araújo e Yauri Neto, com Rita Silva e Sara Amorim
Foto: Yauri Neto